10.4.14

Atrasos da Rio 2016 preocupam e COI decide intervir

Foto: Divulgação
Depois de um bom começo, em que chegou a empolgar por suas ações de evolução nos preparativos (principalmente no que se refere à infraestrutura), a organização dos Jogos Olímpicos de 2016 vem recebendo críticas de todos os lados. As mais contundentes vieram do presidente da Associação das Federações Internacionais Olímpicas de Verão, o italiano Francesco Ricci Bitti, que afirmou que o Rio tem as preparações para sediar uma Olimpíada mais atrasadas em 20 anos, chegando a ventilar a possibilidade de transferir algumas modalidades para outras grandes cidades brasileiras caso a situação não mude em alguns meses. O presidente do Comitê Olímpico Internacional, o alemão Thomas Bach, já havia alertado em visita ao Rio, em janeiro, que não havia mais tempo a perder.
 
De fato, o Rio anda bem atrasado na construção dos locais de disputa, em comparação com as obras de infraestrutura da cidade. Alguns locais de prova estão ainda na licitação, e o Complexo Esportivo de Deodoro ainda não saiu do papel. O Centro Olímpico de Treinamento (foto acima), no bairro de Jacarepaguá, que será o grande centro de disputas das modalidades olímpicas, recentemente teve uma greve de seus funcionários de construção - no momento, suspensa. A situação se agravou de tal forma que o próprio COI anunciou que acompanhará mais de perto os preparativos, com visitas regulares à cidade-sede olímpica.
 
Tais atrasos não são em nada surpreendentes, quando lembramos dos preparativos para os Jogos Pan-Americanos de 2007 - quando a construção do Estádio Olímpico João Havelange e a reforma do Maracanãzinho foram concluídas quase em cima da hora - e testemunhamos o sufoco que ora passa a organização da Copa do Mundo de 2014. Mas, infelizmente, vemos que isso é recorrente em eventos organizados no Brasil - e esperava-se que, pelo menos na Olimpíada de 2016, fosse um pouco diferente.
 
Pode-se culpar a nossa conhecida leniência à lentidão e a cultura do "jeitinho" para qualquer coisa, mas a velha politicagem também entra nessa roda. Os dirigentes que reclamam da organização olímpica de 2016 dizem que o Comitê Organizador está até fazendo sua parte, mas queixam-se da falta de apoio governamental. Compreensível: o governo federal patina nos índices de popularidade e na séria ameaça de crise financeira (a única coisa capaz de derrubar qualquer governo); o estadual se desgasta no combate à criminalidade e no período de transição governamental; e o municipal, o que poderia mais fazer nessa altura (visto a ser o único não envolvido nas eleições deste ano), escorrega na conhecida falta de modéstia do seu chefe executivo. Dessa forma, fica difícil avançar consideravelmente, embora ainda haja tempo de reagir. A intervenção do COI pode ter sido um primeiro passo para que as coisas, enfim, acelerem.