28.6.09

Dentro das limitações, um bom começo

Neste domingo, na Arena Olímpica do Rio, será disputado o quinto e decisivo jogo do Novo Basquete Brasil, entre Flamengo e Brasília. Como o esperado, o torneio, organizado pela Liga Nacional de Basquete, não foi um primor de nível técnico, longe disso. Afinal, a crise que parece dominar o basquetebol brasileiro há cerca de uma década não terminará de uma hora para outra. Mesmo assim, há pontos positivos a tirar desta edição reinicial.

Pela primeira vez em muito tempo, um torneio nacional de basquete é realizado num clima relativamente pacífico e bem organizado. A certeza de que há credibilidade no processo de realização de um campeonato nacional começa, aos poucos, a trazer o público de volta aos ginásios. Para esta partida decisiva no Rio, todos os ingressos estão esgotados - o apelo dos times finalistas certamente colaborou, mesmo por tratar-se das duas melhores equipes do basquete brasileiro no momento. São as duas últimas campeãs nacionais (o Brasília ganhou em 2007 e o Flamengo em 2008), fazem a decisão pelo segundo ano seguido e também conquistaram inéditos títulos internacionais na temporada (o Brasília conquistou a Liga das Américas; o Flamengo, a Liga Sul-Americana), o que já faz desse duelo um jogo diferenciado.

Claro que há pontos que precisam ser melhorados para as próximas edições do NBB. Por exemplo, uma maior exibição dos jogos pela TV, principalmente em sinal aberto - somente o jogo decisivo será transmitido, e mesmo assim apenas em flashes ao vivo. A presença de mais clubes de massa e/ou de forte tradição na modalidade é outro ponto que também deve ser levado em consideração, assim como uma maior presença da comissão técnica da Seleção nas partidas. Mesmo assim, comparando-se com as caóticas edições do Nacional da CBB, é um passo adiante - que tem tudo para, a médio prazo, promover a volta da dignidade ao basquete brasileiro.

26.6.09

Os Jogos que unem um mar e três continentes


Nesta sexta-feira, terá início em Pescara, na Itália, a 16ª edição dos Jogos do Mediterrâneo, que reúnem os países banhados pelo Mar Mediterrâneo (Europa, Oriente Médio e Norte da África). 4.180 atletas de vinte e três países (Albânia, Andorra, Argélia, Bósnia-Herzegovina, Chipre, Croácia, Egito, Eslovênia, Espanha, França, Grécia, Itália, Líbano, Líbia, Malta, Marrocos, Mônaco, Montenegro, San Marino, Sérvia, Síria, Tunísia e Turquia) de três continentes disputarão medalhas em 28 modalidades (atletismo, basquete, bocha, boxe, canoagem, caratê, ciclismo, esgrima, esqui aquático, futebol, ginástica artística, ginástica rítmica, golfe, handebol, hipismo, iatismo, judô, levantamento de peso, lutas, natação, polo aquático, remo, tênis, tênis de mesa, tiro com arco, tiro esportivo, vôlei e vôlei de praia). Haverá também modalidades paraolímpicas.

A primeira edição dos Jogos do Mediterrâneo foi realizada em 1951, na cidade egípcia de Alexandria. Foi a concretização de uma ideia dada pelo então líder do Comitê Olímpico Egípcio, Muhammed Taher Pasha, durante os Jogos Olímpicos de 1948, em Londres. Nesta primeira edição, 734 atletas de dez países disputaram medalhas em 13 modalidades. Somente homens competiram nas primeiras quatro edições - as mulheres apenas estrearam em 1967, em Túnis, na Tunísia.

O evento foi, evidentemente, crescendo com o tempo, sempre sendo disputado no ano anterior ao das Olimpíadas até 1991, em Atenas. O intervalo desta edição para a seguinte foi de apenas dois anos - em 1993, os Jogos foram disputados em Languedoc-Roussillon, na França. Desde então, os Jogos do Mediterrâneo são disputados no ano seguinte ao dos Jogos Olímpicos. O evento tem como norma ser realizado somente em cidades litorâneas - apenas uma edição foi disputada numa cidade não-banhada pelo Mediterrâneo: a de 1983, em Casablanca (banhada pelo Oceano Atlântico), no Marrocos.

Curiosamente, alguns países que não são banhados pelo mar, mas que têm identificação com os vizinhos mediterrâneos, disputam os Jogos, como Andorra (que fica entre Espanha e França), San Marino (encravado na Itália) e Sérvia (que disputou várias edições na época em que ainda fazia parte da extinta Iugoslávia). As únicas delegações mediterrâneas filiadas ao COI que não disputam os Jogos do Mediterrâneo são Israel e Palestina - há projetos de que elas sejam convidadas a disputar futuras edições, assim como outros países como Bulgária e Portugal.

A Itália, sede da edição deste ano, é a líder histórica do quadro de medalhas dos Jogos do Mediterrâneo: até os Jogos de 2005, disputados na cidade espanhola de Almería, os italianos ganharam 687 medalhas de ouro, 584 de prata e 515 de bronze, 1.786 no total (o país também foi o primeiro no quadro de medalhas em 2005, com 57 ouros, 153 medalhas no total). França (529 ouros), Turquia (243 ouros), Espanha (241 ouros) e Iugoslávia (191 ouros, até 2001) formam os demais primeiros colocados.

20.6.09

Qual o tamanho do legado que uma Olimpíada pode ter sobre sua sede?

Essa é a pergunta que os cidadãos das quatro cidades candidatas a sediar os Jogos de 2016 devem ter feito depois das declarações do presidente do COI, o belga Jacques Rogge, no encontro entre candidatos e delegados votantes, em Lausanne, nesta semana. Ele afirmou que a escolha independe de fatores econômicos, mas da garantia de que a realização do evento trará melhorias para a cidade que for escolhida em 2 de outubro.

Qual o legado que os Jogos de 2016 podem proporcionar sobre Chicago, Madri, Rio de Janeiro ou Tóquio? Exemplos anteriores não faltam: a cidade de Barcelona assumiu o posto de grande destino turístico da Espanha depois das Olimpíadas de 1992, até hoje lembrada com carinho pelos amantes do esporte em todo o mundo. O mesmo ocorreu com Sydney, na Austrália, sede em 2000, em relação à Oceania. Nestes casos, a acolhida popular e o alto-astral que envolveu as duas Olimpíadas, além de suas exemplares e funcionais organizações, foram determinantes para que fossem um sucesso. O mesmo poderia ter ocorrido com Pequim em 2008, pois não faltaram esforço e eficiência - mas o bom envolvimento, inerente a qualquer grande evento, os chineses ficaram devendo.

Por outro lado, uma má organização pode colocar tudo a perder. Os grandes exemplos disso foram os Jogos de Montreal, em 1976 (marcado pelo pouco carisma e os custos altíssimos, principalmente com locais de provas e segurança), e de Atlanta, em 1996 (em que praticamente nada deu certo em matéria de organização - mercantilismo demais, espírito olímpico de menos). O resultado disso foram eventos esquecíveis e sem que alguém tenha grandes recordações para contar, além de locais de prova gigantescos e pouco utilizados - para se ter uma ideia, metade do Estádio Olímpico de Atlanta foi demolida pouco depois dos Jogos para que fosse construído um estacionamento.

As quatro cidades candidatas têm força, experiência e capacidade de sediar um evento de grande porte - apesar de apenas uma delas ter sediado Olimpíadas anteriores. Mas elas têm que ter a consciência de que o legado de uma Olimpíada pode ser eterno - para o bem e para o mal. A atmosfera olímpica pode ser mágica, mas a organização precisa colaborar para que isso aconteça. Que a cidade vencedora pense nisso e comece a colocar suas ideias em prática já no dia 3 de outubro.

17.6.09

Rio 2016: Garantias são suficientes?

A apresentação das quatro cidades candidatas a sediar as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016, realizada nesta quarta-feira na sede do Comitê Olímpico Internacional em Lausanne, na Suíça, foi mais uma etapa da eleição que será concluída em outubro, em Copenhague, na Dinamarca. Hoje, Chicago, Madri, Rio de Janeiro e Tóquio apresentaram seus trunfos para tentar convencer os membros do COI.

Os da candidatura carioca foram os seguintes: o fato de nenhuma Olimpíada ter sido realizada na América do Sul até hoje, a boa organização dos Jogos Pan-Americanos de 2007, a estabilidade econômica presente no Brasil (o que é considerado um alento para um mundo em crise), o histórico inexistente de atos terroristas em território brasileiro, a aparente harmonia entre as três esferas de governo... A concorrência de alto nível e as fortes suspeitas que pairam sobre as obras do Pan podem atrapalhar, mas o fato é que nunca uma cidade brasileira teve chances tão boas de sediar uma Olimpíada como está tendo agora. Resta à candidatura carioca trabalhar para que tais chances fiquem mais reais, mesmo porque a campanha é difícil e está entrando em seus momentos mais decisivos.

A apresentação segue nesta quinta-feira, em um hotel de Lausanne, onde haverá a possibilidade de reuniões individuais entre as cidades candidatas e os membros votantes.

8.6.09

A fase irregular de Fabiana Murer

No Troféu Brasil de Atletismo, disputado no Engenhão no último final de semana, a saltadora Fabiana Murer bateu o recorde sul-americano do salto com vara (4,82 metros), obtendo a melhor marca do mundo neste ano. Assim, ela é vista como forte candidata ao pódio no Mundial deste ano, que será disputado em Berlim, daqui a dois meses. Porém, a irregularidade que vem sofrendo, desde a final olímpica em Pequim (quando foi vítima de uma falha da organização, que não levou uma de suas varas ao estádio), não dá tanta certeza quanto a isso.

É a segunda competição seguida que ela conquista - antes, ela ganhara o GP de Belém, em 24 de maio. Mas ela tinha sido eliminada no GP Rio, no mesmo Engenhão, uma semana antes, também por causa de problemas com varas - elas não tinham a flexibilidade esperada. Esperemos que ela se prepare para o Mundial com atenção, assim como seja mais regular nas próximas competições que virão antes. Tanto fisicamente quanto psicologicamente, o que se tornou essencial depois da polêmica de Pequim. Dessa forma, Murer terá tudo para se tornar uma das melhores saltadoras do planeta.