30.4.09

Uma união de esferas por 2016. Será que vai dar certo?

Nesta quinta-feira, as três esferas de governo, além de importantes figuras da Presidência da República e do COB, demonstraram apoio à candidatura do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016, durante a reunião com os inspetores do Comitê Olímpico Internacional no hotel Copacabana Palace. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Sérgio Cabral Filho e o prefeito Eduardo Paes reafirmaram o sentido de união entre os três cargos.

Mas algo preocupa a população brasileira, apesar dos altos índices de popularidade do governo Lula. São os altos gastos da candidatura, pouco mais de cinco meses antes da escolha da cidade-sede, no dia 2 de outubro, em Copenhague. Como dito aqui anteriormente, os gastos que a União fará, juntamente com o governo do estado e a prefeitura, são de quase 30 bilhões de reais, os mais altos dentre as quatro finalistas.

As comumente polêmicas declarações de Lula também não ajudam muito. Ele disse que as Olimpíadas devem ser encaradas como um ato de autoafirmação continental e nacional, mas também falou que "pobre gosta de coisa boa", citando o carnavalesco Joãosinho Trinta ao tentar justificar altos gastos (o presidente parece ter se esquecido que nem tudo que é caro é necessariamente bom, ou vice-versa), e que não apenas os ricos têm direito de sediar competições esportivas importantes (isso pode ser interpretado como mais um demonstrativo de luta de classes, uma das características do atual governo).

28.4.09

Gripe suína: E o Pan de 2011?



Todos estão sabendo da gripe suína, que está assustando o mundo inteiro. Ela começou pelo México, cujos habitantes estão em pânico com o fato: ruas desertas, habitantes usando máscaras cirúrgicas, ausência de reuniões, população com medo. E isso pode se refletir num futuro evento poliesportivo, embora ainda faltem dois anos e meio para sua realização.

Os próximos Jogos Pan-Americanos serão realizados em outubro de 2011, em Guadalajara. E a gripe suína já começou a fazer alguns estragos no mundo esportivo, mais exatamente no futebol: foram canceladas as finais da Copa Ouro Sub-17 da Concacaf, que seriam disputadas no México, além de ser adiada a segunda partida final da Liga dos Campeões das Américas do Norte e Central. Além disso, várias partidas do Campeonato Mexicano não tiveram público, atendendo a recomendações de autoridades locais, que contrarrecomendaram aglomerações. Se pouco ou nada for feito pelas autoridades médicas mexicanas, o Pan de 2011 pode correr um sério risco de ter que trocar de lugar...

Não seria a primeira vez que isso aconteceria. Curiosamente, o México foi o país beneficiado em certa ocasião: o Pan de 1975 seria, inicialmente, realizado em Santiago, mas a instabilidade política causada pelo golpe militar realizado dois anos antes causou a transferência, inicialmente, para São Paulo, que sediara a edição de 1963. Mas um surto de meningite na capital paulista causou nova mudança - desta vez para a Cidade do México, que sediou o segundo Pan, em 1955. Mais recentemente, uma epidemia de gripe aviária causou a transferência da Copa do Mundo Feminina de Futebol de 2003, que seria na China, para os Estados Unidos, que sediaram a edição anterior, em 1999 - os chineses receberiam a competição em 2007.

Felizmente, os avanços da ciência e a rapidez cada vez maior das informações fazem com que as pessoas tenham mais condições de se precaver, o que inclui cidades e países inteiros. Mesmo assim, nunca é bom dar sopa para o azar... Ou as consequências, para o esporte, poderão ser as piores possíveis.

27.4.09

A visita do COI, um momento decisivo



Nesta semana, a Comissão de Avaliação do Comitê Olímpico Internacional está visitando o Rio de Janeiro, no estágio de avaliação das cidades candidatas a sediar os Jogos Olímpicos de 2016. A comissão do COI, chefiada pela marroquina Nawal el-Moutawakel, visita a terceira das quatro finalistas: Chicago e Tóquio já foram inspecionadas, e Madri o será no mês que vem.

Trata-se de um momento considerado decisivo para as pretensões cariocas em sediar a maior competição esportiva do planeta. Os delegados do COI conhecerão de perto as instalações utilizadas nos Jogos Pan-Americanos de 2007, além do projeto para 2016. Assim como ocorreu no Pan, o grande centro esportivo olímpico será a Barra da Tijuca e arredores, caso o Rio seja escolhido em 2 de outubro.

Um aspecto interessante do comitê de candidatura da Rio 2016 é a possibilidade de permitir que os integrantes da comissão possam ver por si próprios qual o nível de empolgação da população carioca com o projeto. Diferentemente do que ocorreu em Chicago e Tóquio, não foram contratadas claques de apoio - apenas foram distribuídos cartazes e faixas pela cidade, e pedido para que a população apoie a candidatura vestindo verde e amarelo. Não se sabe no que vai dar, se os cariocas irão apoiar, ignorar ou protestar contra a candidatura. Mesmo assim, o nível de apoio popular é considerado maior do que o das três concorrentes.

25.4.09

A importância dos clubes de massa no esporte dito amador

Já defendi em recente texto a importância do investimento dos clubes populares no chamado esporte amador - muitos deles, notórios formadores de atletas para delegações olímpicas. Em tempos de crise financeira mundial, os clubes andam bem cautelosos em relação a gastos, mas sempre dão o seu recado em modalidades esportivas de alta visibilidade. No momento, clubes que não são conhecidos por departamentos de futebol, como o paulista Pinheiros, o mineiro Minas Tênis e os gaúchos Sogipa e Grêmio Náutico União, têm bons resultados em esportes como basquete, vôlei, judô e ginástica artística (o Pinheiros, falando nisso, foi o clube com o maior número de atletas na delegação brasileira que disputou as Olimpíadas de Pequim, sendo alguns de seus maiores exemplos o nadador César Cielo Filho e a ginasta Daiane dos Santos). Isso sem falar nas empresas e universidades investidoras em modalidades esportivas coletivas como vôlei, basquete e (exemplificando uma modalidade não-olímpica) futsal, constantemente dando nome a essas equipes.

Porém, os clubes conhecidos pelo futebol ensaiam uma volta aos investimentos em modalidades ditas amadoras. Clubes de massa como Flamengo (atual campeão brasileiro e da Liga Sul-Americana de basquete), Botafogo (que deverá montar um time feminino de vôlei para disputar a próxima Superliga, além de reeditar o basquete e fazer uma equipe de atletismo para aproveitar a pista do Engenhão, estádio arrendado pelo clube), Cruzeiro (que teve seu time masculino de vôlei quase classificado para a final da Superliga, logo na sua primeira participação, além de ter uma forte equipe de fundistas do atletismo) e Corinthians (que montou uma equipe de natação) buscam preencher um forte vazio midiático: a paixão pelos clubes, que sobra no futebol, mas falta um bocado nas demais modalidades.

Houve várias vezes em que os clubes despertaram paixões em esportes que não o futebol - a mais recente foi entre o fim dos anos 1990 e o início dos anos 2000, no Rio de Janeiro. Os projetos olímpicos de Vasco e Flamengo mobilizaram as diretorias e torcidas dos dois clubes, que mandaram centenas de atletas para os Jogos Pan-Americanos de 1999 e as Olimpíadas de 2000. São memoráveis decisões entre os dois clubes - como no basquete (com o Flamengo derrotando o então invicto Vasco nas finais do Carioca de 1998, e os vascaínos dando o troco na decisão do Brasileiro, dois anos depois - aliás, eram dois timaços: o Vasco era a base da Seleção da época, sendo bicampeão brasileiro e da Liga Sul-Americana, além de ser vice-campeão mundial; já o Flamengo era capitaneado pelo Mão-Santa Oscar Schmidt, o que dispensa comentários) e no vôlei (o Flamengo de Leila e Virna derrotou o Vasco de Fernanda Venturini nas finais da Superliga em 2001, no Maracanãzinho). Depois, veio a conta: os dois rivais gastaram os tubos e acumularam dívidas, que mantêm até hoje.

Atualmente, os clubes de massa parecem ter a consciência de que visibilidade é fundamental, não só no futebol. Tanto que eles procuram patrocinadores exclusivos para essas modalidades. Depois de sofrer atrasos salariais de até quatro meses (condição que superou ao ganhar a Liga Sul-Americana), causados em parte pelo litígio com a Petrobrás, o time de basquete do Flamengo navega em águas mais tranquilas com as altas vendas da camiseta com a sua marca (que serve para quitar parte da dívida) e a assinatura de um novo patrocínio, que manterá a equipe por dois meses, até o fim do NBB, competição cuja primeira fase o Fla lidera. A nova administração do rival Botafogo, ainda que não tenha obtido sucesso no intento de "importar" o time de vôlei do Osasco, anunciou investimentos em várias modalidades como o próprio vôlei, o basquete e o atletismo.

A entrada de times de massa será muito importante para as modalidades. Elas serão mais visíveis, atrairão torcida e patrocínios fortes. E impede, em parte, o constrangimento de vários jornalistas, durante transmissões de competições esportivas, em falar o nome da cidade que o time representa ao invés de seu patrocinador, com medo de fazer merchandising involuntário...

Texto complementar: "Cultura Clubística", de Ricardo Antunes da Costa (30/11/2005)

24.4.09

Vôlei do Osasco: Um novo começo

Apenas quatro dias depois de perder o patrocínio do Grupo Bradesco, que se dedicará apenas a apoiar as categorias de base do clube sediado na cidade da Região Metropolitana de São Paulo, o time feminino de vôlei do Osasco ressurgiu nesta sexta-feira. O prefeito Emídio de Souza deu a notícia no Ginásio Municipal José Liberatti. Todas as jogadoras que haviam participado da campanha do vice-campeonato da Superliga foram convidadas a permanecer - a levantadora Carol Albuquerque (à esquerda na foto acima) foi a primeira a assinar contrato para a próxima temporada, assim como o técnico Luizomar de Moura (o segundo da direita para a esquerda), que acumulará, de forma temporária, a função de gerente.

Disposto a manter uma das melhores equipes do voleibol brasileiro na cidade, o prefeito procurou outros investidores, e conseguiu seu objetivo. Além de Carol Albuquerque, outras três jogadoras do time que deverá continuar (Paula Pequeno, Sassá e Thaíssa) foram campeãs olímpicas no ano passado, em Pequim. Outros investidores e clubes estavam interessados em abrigar o time que estava recém-extinto (como a FIESP e a Prefeitura de Barueri, também em São Paulo, e o Botafogo, no Rio, que deverá montar uma equipe para a próxima Superliga).

O anúncio representa um alívio para os amantes da modalidade no Brasil. Seria inadmissível termos atletas campeãs olímpicas e várias outras jogadoras sem emprego ou com dificuldades de fazer seu trabalho, ainda que a crise mundial prejudique o esporte como um todo. O que vale é um esforço para que nossas jogadoras fiquem aqui, incentivando a prática esportiva no país.

'Olimpismo' faz aniversário de casa nova!

Nesta sexta-feira, o Olimpismo completa dois anos de existência, dedicando-se a comentar, opinar e exaltar o Movimento Olímpico, em todas as suas vertentes. Criado em definitivo (houve uma versão anterior ainda no Blogger Brasil, que teve vida curta) através do projeto Globoonliners, do site do jornal O Globo, em 24 de abril de 2007, começou falando das expectativas para os Jogos Pan-Americanos, disputados três meses depois no Rio de Janeiro. No ano seguinte, cobriu as Olimpíadas de Pequim através da visão do torcedor que acompanhava a competição pela TV. Em ambas as ocasiões, foi constantemente citado pela página 2 do Caderno de Esportes do jornal carioca. Com a iminente extinção do projeto pelo jornal (que deverá estar concluída em 13 de maio), todo o conteúdo foi transferido para o Blogger, mantendo os textos e, consequentemente, a memória.

Novos textos estão a caminho, falando sobre os bastidores, a história e as curiosidades que cercam as grandes competições esportivas do planeta. Neste ano, serão disputados os Jogos do Mediterrâneo (26/6 a 5/7), em Pescara, na Itália, e os Jogos da Lusofonia (11 a 19/7), em Lisboa - além dos Mundiais de Atletismo, em Berlim, e de Esportes Aquáticos, em Roma. Mas, acima de tudo, no mês de outubro, será escolhida pelo COI a cidade-sede das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016 - o Rio de Janeiro concorre com Chicago, Madri e Tóquio, com boas chances de levar a melhor e trazer a maior competição poliesportiva mundial, pela primeira vez na História, à América do Sul.

Este foi um novo começo. Embarquemos juntos nessa grande viagem.

21.4.09

O fim do time principal de vôlei de Osasco: É a crise...

Foi anunciado nesta segunda-feira o fim de um dos maiores times de vôlei do país. O Osasco/Finasa, tricampeão da Superliga (2003, 2004 e 2005) e vice-campeão nas últimas quatro temporadas - a última no sábado passado, ao perder por 3 a 2 para o tetracampeão Rio de Janeiro/Rexona-AdeS, no Maracanãzinho - foi desmantelado pelo Grupo Bradesco, que mantinha o time. Porém, o projeto do vôlei, que mantém as categorias de base, continuará existindo.

De todo modo, não deixa de ser triste para o esporte brasileiro o fim abrupto de um time que, em 15 edições de uma das maiores competições nacionais do vôlei mundial, chegou à final em dez. A extinção do time adulto do Osasco deverá causar uma debandada de jogadoras para outras equipes nacionais, as que estiverem dispostas a pagar por jogadoras tão valiosas, dentre as quais algumas que subiram ao lugar mais alto do pódio nas Olimpíadas de Pequim. Há empecilhos, causados pela CBV, para que possam atuar no exterior - uma regra de pontuação para cada jogador impede a contratação de mais de dois atletas com números máximos de pontos por time. Isso pode causar o desemprego de atletas de alto nível.

Uma causa convincente para o fim da equipe pode ser a crise econômica que atinge o planeta desde o ano passado, que impede que grupos financeiros como o Bradesco invistam altas somas de dinheiro em projetos esportivos. Mas a criação de novos clubes de vôlei deveria ser incentivada, além do investimento de clubes de massa em modalidades ditas "amadoras". Feito isso com responsabilidade, o esporte brasileiro só terá a ganhar.